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Christian Metz - Semiótica e Significação no CinemaFichamento: A Significação no Cinema – Christian Metz
Seção 1 - Abordagens Fenomenológicas do Filme A respeito da impressão de realidade no cinema Nesse capítulo Christian Metz trata da impressão de realidade do espectador diante do filme. Mais do que na literatura, no teatro, na fotografia, na pintura, na escultura, ou em qualquer outra arte, o cinema nos dá o sentimento de estarmos assistindo diretamente um espetáculo quase real. Segundo Albert Laffay , o filme desencadeia no espectador um processo ao mesmo tempo perceptivo e afetivo de participação. Conquistamos de imediato uma credibilidade, mais forte que em outras áreas. Este sentimento tão direto de credibilidade vale tanto para os filmes insólitos ou maravilhosos como para os filmes realistas. Uma obra fantástica só é fantástica se convencer, se não é simplesmente ridícula. Roland Barthes, na sua Retórica da Imagem, comenta o assunto mas em relação à fotografia. Segundo ele, olhar uma fotografia não é apreender um ser-aqui, mas um ter-sido-aqui: “trata-se portanto de uma nova categoria do espaço-tempo: local imediato e temporal anterior: na fotografia concretiza-se a conjunção ilógica do aqui e do outrora. É o que explica a irrealidade real da fotografia. A parte de realidade deve ser procurada do lado da anterioridade temporal; o que a fotografia mostra foi realmente assim, um dia, diante da objetiva. A fotografia, o meio mecânico, limitou-se a registrar o momento e trazê-lo até nós. Quanto a irrealidade, se deve à “ ponderação temporal” (as coisas foram assim mas não são mais), bem como a consciência do aqui. A fotografia nunca é vivida como uma ilusão autêntica. Sabemos muito bem que o que nos é apresentado não está verdadeiramente aqui. Por isso a fotografia é bem diferente do cinema, arte ficcional e narrativa. O espectador não apreende um ter-sido-aqui, mas um ser-aqui vivo. A impressão de realidade varia muito de acordo com a técnica de representação (fotografia, cinema, teatro, pintura, escultura figurativa, desenho realista, etc.) é sempre um fenômeno de duas faces: pode-se procurar a explicação no aspecto do objeto percebido ou no aspecto da percepção; Uma reprodução convincente desencadeia no espectador fenômenos de participação – afetiva a participativa – que contribuem para atribuir realidade à cópia. A sensação de realidade é mais forte no filme que na fotografia por causa do movimento. O movimento das formas motiva, o sentimento da vida concreta e a percepção da realidade objetiva. O movimento dá consistência às formas, constata Edgar Morin valendo-se da celebre análise de A Michotte, o movimento dá “corporalidade” e uma autonomia que sua efígie imóvel lhe subtrai, destaca-os da superfície plana a que estavam confinados possibilitando desprenderem-se melhor de um “fundo”, como “figuras”: livre do seu suporte o objeto se substancializa, o movimento traz o relevo e o relevo traz a vida. |